O dia em que meu coração avisou que algo estava prestes a desabar
Mesmo que eu viva mil anos, eu nunca vou esquecer do dia em que a Laura nasceu.
Só Deus sabe o quanto eu desejei aquela filha! Eu e o meu marido estávamos tentando há mais de dois anos e nunca dava certo.
Eu já estava quase me conformando que eu não tinha nascido para ser mãe, quando eu descobri que estava grávida. E olha que eu descobri antes de sentir qualquer sintoma ou de fazer qualquer exame.
Um dia eu acordei e simplesmente soube. Juro por tudo que é mais sagrado. Eu soube. Soube que ali, na minha barriga, estava sendo gerada a minha filha.
Isso mesmo… além de ter certeza de que eu estava grávida, eu sabia como 2 e 2 são 4, que era uma menina.
Depois de algumas semanas, eu tive a confirmação da gravidez e, mais para frente, que era mesmo uma menina. Por essas e outras, eu digo sem medo que sempre tive uma ligação muito forte com a minha filha.
Durante toda a gravidez, eu fiz tudo certinho. Aquela bebê tinha sido muito desejada e eu jurei que sempre faria de tudo por ela.
Quando ela ainda tava na minha barriga, eu já conversava com ela, contava como era o mundo, como era a mamãe, o papai, tudo o que nós faríamos juntas… Eu amava ficar sonhando com ela no meu colo, o cheirinho e como ela seria.
O dia que ela nasceu foi o mais feliz da minha vida. Se eu morresse naquele dia, eu morreria sendo a mulher mais realizada desse mundo.
A Laura foi crescendo linda, saudável e inteligente. E o que eu mais gostava nela era que nós sempre fomos melhores amigas. Ela nunca teve aquilo de não querer a mãe por perto, de ter vergonha, essas coisas. De jeito nenhum. Pelo contrário! Ela me contava tudo e fazia questão de me ter por perto. A nossa relação realmente era diferenciada, forte e única.
“Dessa vez é diferente, meu coração está apertado demais”
A minha filha sempre foi festeira e cheia de amigos. Ela gostava muito de sair e eu, como toda mãe, me preocupava bastante e só dormia em paz quando ela chegava de madrugada. Mas naquele dia… naquele dia a preocupação estava maior, mais intensa.
Era uma sexta-feira e eu entrei no quarto dela quando ela estava se arrumando. Eu me sentei na cama e fiquei olhando para minha filha, tão linda, e meu coração apertou.
Eu nunca tinha feito aquilo, mas nesse dia eu pedi para Laura não ir. Ela falou para eu parar de pensar bobagem e disse que ia voltar cedo. Ela ainda brincou e pediu para eu esperar acordada porque ia contar como tinha sido a festa. Depois ela me deu um beijo, disse que me amava e saiu.
– Para de bobagem, Tereza. Toda vez que ela sai, você fica desse jeito.
– Tô falando, Ademir. Dessa vez é diferente. Meu coração tá apertado demais.
– A Laura sabe se cuidar e é responsável. Vem, vamos pedir uma pizza para curtir nossa sexta-feira também. Fica tranquila… Não vai acontecer nada. Nunca acontece.
Mas aconteceu. Do mesmo jeito que eu soube que estava grávida. Do mesmo jeito que eu soube que seria uma menina. Eu sabia que alguma coisa ruim ia acontecer. E aconteceu.
Era por volta das 4 da manhã quando o telefone tocou. Era do hospital.
A Laura… a Laura tinha sofrido um acidente de carro.
Eu nem tirei o pijama e corri para lá. Só quando eu cheguei, eles deram mais detalhes.
Segundo disseram, a amiga dela tinha perdido o controle do carro, que capotou várias vezes.
Milagrosamente, a amiga saiu quase ilesa. Mas a Laura… a minha Laura… estava em estado gravíssimo. Era grave. Era muito grave. Ela tinha várias lesões internas, traumatismo craniano e um sangramento que eles não conseguiam fazer parar…
“Eu só saio desse hospital com a minha filha”
Quando eu cheguei, ela estava na sala de cirurgia, mas algum tempo depois — que eu nem sei direito quanto foi — o médico apareceu com um olhar que já dizia tudo.
Naquele momento em que ele veio andando na nossa direção, eu queria fugir… queria correr para o outro lado porque eu não queria ouvir o que ele ia dizer. Eu não queria.
O Ademir segurou a minha mão e aí nós ouvimos… ouvimos o doutor dizer que eles tinham feito o possível, mas que as lesões dela eram… como foi mesmo que ele disse? “Eram incompatíveis com a vida”. Ele ainda falou que tinham estabilizado por ora, mas que era questão de tempo. O cérebro dela não respondia.
Naquele mesmo momento eu caí de joelhos, mas não falei nada. Eu não respondi nada. Eu só me ajoelhei e jurei que só sairia dali quando fossem me dizer que a Laura estava viva. Eu não ia arredar o pé daquele hospital. Eu só ia sair por aquela porta com a minha filha. Eu não aceitava perder a Laura. Eu não podia aceitar.
A partir de então, eu parei de comer, de dormir, de trabalhar, de fazer qualquer outra coisa que não fosse rezar pela Laura. Eu pedia a Deus por um milagre e ali, eu cheguei a perder a noção do tempo… Eu pedia um sinal, pedia uma luz, mas nada acontecia.
Eu não conseguia nem sentir aquela ligação que eu sempre tive com a Laura.
Eu não conseguia ter a certeza de que ela ia acordar, ou que… que ela ia embora para sempre.
– Meu amor, você precisa sair desse hospital. Você não come, não dorme, não toma banho… já faz 3 dias.
– Ademir, eu só saio daqui com a Laura.
– Você vai adoecer! Pelo amor de Deus. Chega. Você ouviu os médicos…
– Você tá desistindo da nossa filha?
– Não, Tereza! Não é isso, mas…
– Não tem “mas”. Não tem meio “mas”.
– Tereza, não adianta sofrer. Nossa filha se foi.
Eu nunca ia aceitar. Nunca. Só quando, E SE eu enterrasse a Laura, é que eu ia me convencer de que nada mais poderia ser feito. Até lá, eu não ia descansar. Eu ia continuar pedindo. Eu ia continuar orando porque eu sabia… sabia que para ELE — e só para ELE — nada era impossível.
E foi aí que, no quinto dia, eu fiz uma promessa:
Meu Deus, se o Senhor trouxer a minha filha de volta, se ela abrir os olhos, se ela voltar pra mim… eu entrego a minha vida inteira a Ti. Vou abandonar tudo o que é do mundo e viver só pra servir ao Senhor.
“Apertei a mão dela e senti: ela ainda estava ali”
Naquela madrugada, eu segurei a mão da minha filha, deitei minha cabeça no peito dela e comecei a conversar como fazia quando ela ainda estava protegida na minha barriga.
Depois eu cantei, como eu cantava quando ela era um bebê que não queria dormir. Fiz carinho, beijei. E de repente… de repente senti a mão dela apertar a minha.
Acredite se quiser, mas três horas depois, a Laura abriu os olhos.
Ninguém naquele hospital sabia como, de que jeito, por quê. A Laura era um caso único na medicina. Mas eu sabia. Eu sabia que era Deus. Eu sabia que ela era o meu milagre.
Os médicos faziam e refaziam os exames sem conseguir entender, mas o fato era que minha filha tinha acordado contra todas as probabilidades e sem nenhum tipo de sequela.
Foi só no dia seguinte que a minha filha me chamou e disse a coisa mais linda e emocionante que eu já ouvi.
Ela disse que… disse que viu Ele. Disse que era tudo claro, quente, cheio de paz. E que Ele… Ele disse que não era ainda a hora dela. Ele disse que era para ela voltar e cuidar de mim.
Eu não conseguia nem falar de tanto que eu chorava.
A Laura se recuperou em tempo recorde e chegou uma hora que até os médicos pararam de tentar achar respostas, porque a verdade é que milagre não se explica… se vive.
Quando ela teve alta, eu cumpri a minha promessa.
Eu abandonei o meu emprego e passei a dedicar os meus dias a levar a palavra de Deus e a cuidar de outras mães. Mães que, como eu, estavam de joelhos num hospital qualquer, pedindo por um milagre. Não que eu tenha todas as respostas, mas eu tenho fé. E testemunho.
Minha filha foi devolvida pra mim. E isso… isso eu nunca vou esquecer.
Hoje, quando olho nos olhos da minha filha, eu não vejo só a Laura. Eu vejo a promessa cumprida. Vejo a prova viva de que, quando a ciência diz “fim”, Deus ainda pode escrever “recomeço”.
*Texto gerado artificialmente e revisado por Band.com.br.