A relação comercial entre Brasil e China avançou de forma significativa neste fim de semana, com a habilitação de centenas de novos estabelecimentos brasileiros para exportar café, gergelim e farinhas de origem animal ao país asiático — o maior mercado consumidor global.
No setor cafeeiro, 183 novas empresas brasileiras passaram a ter autorização para exportar para a China, conforme anúncio da Embaixada chinesa no Brasil. O movimento já era esperado, uma vez que o interesse chinês pelo café brasileiro vem crescendo gradualmente nos últimos anos. A medida reforça o protagonismo do Brasil como maior produtor e exportador mundial da bebida e amplia o acesso a um mercado em expansão fora do eixo tradicional de consumo.
Outro avanço relevante foi o aumento das habilitações para exportação de gergelim. A Administração-Geral das Alfândegas da China (GACC) elevou de 31 para 61 o número de estabelecimentos brasileiros autorizados a vender a oleaginosa. A China responde por 38,4% do consumo global e lidera as importações mundiais da semente. Já o Brasil, sétimo maior exportador, tem ampliado sua produção com destaque para estados como Mato Grosso, Goiás, Pará e Tocantins, além do crescimento em áreas da Bahia, Minas Gerais, Maranhão e Rondônia.
Na cadeia de proteínas, 46 plantas brasileiras foram habilitadas a exportar farinhas de aves e suínos. A autorização foi possível após a assinatura do Protocolo Sanitário bilateral em abril de 2023, a realização de auditorias conduzidas pela GACC e a definição conjunta do modelo de certificado sanitário entre os dois países.
Os anúncios acontecem na mesma semana em que entram em vigor as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos a uma série de produtos brasileiros, como carne bovina, frutas, pescados, etanol e também o café — que ficou de fora da lista de exceções. As alíquotas adicionais, de até 40%, colocam pressão sobre o setor exportador e aumentam a relevância de parceiros estratégicos como a China. O contraste entre os dois movimentos ressalta a importância da diversificação de mercados e da diplomacia comercial para o futuro do agronegócio brasileiro.