O advogado citou como exemplo a resposta dada pelo governo às enchentes no Rio Grande do Sul, quando financiamentos de até R$ 100 mil foram concedidos com dois anos de carência, sem juros, apenas com correção monetária.
O ministro destacou que o impacto imediato do “tarifaço” representa cerca de R$ 600 milhões para produtos perecíveis — valor que, segundo ele, é alto, mas administrável diante do total estimado de R$ 20 bilhões em perdas para o Brasil. “O prejuízo é grande, mas não vai matar o país. O mais urgente é acudir os pequenos e vulneráveis”, pontuou.
Relações com os EUA e impacto político
França avaliou que a medida do governo americano terá consequências econômicas internas para os próprios Estados Unidos, estimando que famílias do país poderão gastar até US$ 2.600 a mais por mês devido às tarifas. Para ele, a postura do presidente norte-americano cria distanciamento com países tradicionalmente próximos. “É como um pai que quer punir o filho e acaba empurrando ele para fora de casa. No caso, o Brasil pode se aproximar ainda mais de outras nações, como China e países do Brics”, afirmou.
Questionado sobre a possibilidade de melhora nas relações bilaterais, França se mostrou cético. “Ele [Trump] assumiu um personagem e está refém desse personagem. Para quem já disse que ia invadir o Canadá e tomar a Groenlândia, fica difícil identificar o que ele pensa. É difícil pensar que vai recuperar a lucidez”, disse.
Estratégias de longo prazo
Para o médio e longo prazo, o ministro apontou a necessidade de diversificação de mercados. Ele destacou que, no passado, os EUA compravam cerca de 50% das exportações brasileiras, percentual que hoje está em torno de 15%, após ampliação das relações comerciais com mais de 200 países durante o governo Lula. França citou ainda o interesse da China em adquirir produtos rejeitados pelo mercado americano, mas ponderou que ajustes logísticos e contratuais dificultam mudanças imediatas.
O caso do pescado nobre do Ceará, como atum e lagosta, foi usado como exemplo. “Esses produtos encontram mercado em outros países, mas a transição exige tempo. Enquanto isso, precisamos evitar prejuízos aos pequenos exportadores”, explicou.
Críticas a Tarcísio de Freitas
França também criticou a postura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em relação ao tema, sugerindo que ele “renunciasse” se não estivesse disposto a liderar. “São Paulo sempre foi protagonista nas grandes transformações econômicas do país. Esperava-se uma reação lúcida. Mas ele ficou pequeno para o tamanho da cadeira”, disse, defendendo que o governo estadual também participe ativamente do apoio a produtores locais.
O ministro encerrou reforçou que momentos de crise podem gerar oportunidades, mas que a prioridade agora é garantir soluções rápidas. “O papel de uma nação é ajudar seu povo nas horas mais difíceis. É isso que estamos fazendo”, concluiu.