Câmara dos Deputados
Wilton Junior/Estadão Conteúdo
Depois da ocupação das mesas diretoras da Câmara e do Senado por deputados da oposição, os trabalhos foram reabertos nesta quinta-feira (7) com votações. Mas o clima tenso continua.
Na Câmara, foram aprovadas a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até dois salários mínimos por mês e a MP que agiliza o trabalho de servidores do INSS.
Situação bem diferente de ontem, quando as mesas diretoras da Câmara e do Senado estavam ocupadas pela e só foram liberadas depois de um dia inteiro de duras negociações.
Hugo Motta conseguiu presidir a sessão hoje depois de uma ponte com os oposicionistas feita pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira. O bloco de oposição pedia anistia aos investigados pelo 8 de janeiro, o impeachment de Alexandre de Moraes e o fim do foro privilegiado. Motta disse que não fechou acordo algum sobre a votação do pacote.
O líder do PL usou a tribuna para pedir perdão a Motta ao falar em acordo fechado.
“O presidente Hugo Motta não foi chantageado por nós. Ele não assumiu compromisso de pauta nenhuma conosco. Com o acirrar dos ânimos eu, com vossa excelência, não fui correto. Te peço perdão da tribuna da câmara”, disse Sóstenes Cavalcante.
“Saíram vendendo para enganar a turma deles, que vai sempre esticando a corda: “ganhamos! Vamos vir com a anistia na próxima semana!” É falso. Mentiram descaradamente”, disse o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias.
A avaliação é que a anistia não será votada, a não ser que o texto seja mexido. E mesmo assim, dificilmente seria endossado em caso de recurso ao Supremo. O centrão negocia neste momento mudanças na lei do foro privilegiado.
Senado
No Senado, a oposição anunciou que conseguiu 41 assinaturas para apresentar mais um pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes, pauta que já foi descartada pelo presidente da casa, Davi Alcolumbre.
“Ninguém aguenta mais tanta briga, tanta confusão e no nosso ponto de vista, muito em função do extremismo do ministro Alexandre de Moraes, com as decisões que ele tem tomado”, disse o senador Flávio Bolsonaro.
Vaza toga
Hoje, a Comissão de Segurança Pública da Câmara discutiu denúncias contra o ministro, a chamada vaza toga. O site Public apresentou conversas atribuídas à assessores de Moraes que, de acordo com a publicação, teriam montado uma força tarefa para vasculhar mensagens em redes sociais de presos do 8 de janeiro que justificassem as detenções.
Marcos do Val
O caso do senador Marco do Val é outro ponto de tensão entre Congresso e Supremo. Moraes ordenou que ele use tornozeleira eletrônica e bloqueou as contas salariais depois de uma viagem ao exterior que estava proibida. Há expectativa entre senadores que algumas restrições sejam anuladas diante da provável suspensão do mandato do político por 6 meses.