“Ele pode falar comigo quando quiser. Vamos ver o que acontece, mas eu amo o povo do Brasil”, disse Trump.
Novamente questionado sobre a extensão da taxa definida por ele, a maior entre todos os parceiros comerciais dos EUA, o presidente americano complementou dizendo que “as pessoas que estão comandando o Brasil fizeram a coisa errada”.
Essa foi a primeira declaração de Trump sobre a disputa com o Brasil desde que assinou, na última quarta-feira (30/07), a ordem executiva para impor as tarifas comerciais que afetarão mais da metade das exportações brasileiras aos EUA.
Segundo a Casa Branca, as ações do governo brasileiro são uma ameaça “incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”. Quase 700 produtos, porém, ficaram isentos da barreira tarifária, que entrarão em vigor em 7 de agosto.
Lula critica se diz aberto ao diálogo
Nas redes sociais, Lula respondeu ao aceno de Trump e se disse aberto ao diálogo, mas reforçou que “quem define os rumos do Brasil são os brasileiros”.
“Neste momento, estamos trabalhando para proteger a nossa economia, as empresas e nossos trabalhadores, e dar as respostas às medidas tarifárias do governo norte-americano”, escreveu o presidente no X.
A jornalistas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a “recíproca é verdadeira” para uma conversa com Trump. “O presidente Lula estaria disposto a receber um telefonema dele quando ele quisesse também. E, conforme eu já disse anteriormente, é muito importante a gente preparar esse encontro, essa conversa”, disse Haddad.
Em declarações anteriores, o presidente brasileiro criticou o que chama de “chantagem inaceitável” por parte de seu homólogo americano. Em diferentes declarações, disse que Trump se considera o “imperador do mundo” e reiterou que não obedecerá ordens vindas do exterior.
Lula tem reiterado que o Brasil tenta negociar com Washington desde que as primeiras tarifas globais foram anunciadas por Trump. Em entrevista ao jornal americano The New York Times, argumentou que seus ministros têm encontrado portas fechadas na Casa Branca para desfazer o impasse.
No entanto, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, chegou a ser recebido pelo secretário de Estado americano, Marco Rubio, em Washington, para uma conversa inicial sobre o posicionamento dos dois países sobre o tema na última quarta-feira.
Também em Washington, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que Lula já sinalizou que estaria disposto a negociar diretamente com Trump, mas que quer ser respeitado.
“Por mim, a possibilidade [de diálogo] está aberta, não tenho nenhum problema de dizer isso em nome do presidente Lula. É só organizar”, disse Wagner.
Moraes rebate Trump
O governo dos EUA também anunciou uma sanção contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator dos processos contra a tentativa de golpe de Estado no Brasil e que tem entre os réus o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A medida foi rebatida por Moraes nesta sexta-feira, em sessão no STF. Ele afirmou que pretende ignorar as sanções e que a Corte não responderá a crivo estrangeiro em seus julgamentos.
gq (Agência Brasil, OTS)