A emenda foi apresentada pela deputada Ana Figueroa, do partido liderado por Bukele. Além de permitir a reeleição sem restrições, as novas regras também extinguem o segundo turno no pleito presidencial, no qual os dois candidatos mais votados no primeiro turno disputariam uma nova votação.
Mais poder para o “ditador descolado”
As reformas constitucionais consolidam ainda mais o poder de Bukele, ao ampliar o tempo de mandato, abolir o sistema de dois turnos e autorizar a reeleição indefinida.
O presidente salvadorenho é amplamente criticado por organizações de direitos humanos devido à implementação de seu “regime de exceção” em 2022, que suspendeu direitos constitucionais, permitindo à polícia deter pessoas sem provas.
O estado de emergência levou à prisão de milhares de suspeitos de envolvimento na violência entre gangues no país. A postura linha dura ampliou o apoio popular do presidente.
Em 2021, deputados aliados destituíram juízes da Suprema Corte, provocando uma crise política e reorganizando a composição do tribunal à favor de Bukele.
No cargo desde 2019, ele foi reeleito em 2024, após a Suprema Corte driblar a proibição constitucional de mandatos consecutivos. Apesar de admitir problemas, o Tribunal Superior Eleitoral de El Salvador oficializou a reeleição de Bukele, o que fortaleceu ainda mais seu controle sobre as instituições do Estado e o parlamento.
Tais ações levaram analistas a classificá-lo como ditador – alcunha que ele próprio assumiu, ao se autodenominar “o ditador mais descolado do mundo” em sua biografia no Twitter.
“Hoje a democracia morreu em El Salvador”, diz oposição
A oposição criticou a aprovação das reformas, questionando especialmente o momento em que foram apresentadas.
“Hoje a democracia morreu em El Salvador… As máscaras caíram”, declarou a deputada de oposição Marcela Villatoro durante a sessão parlamentar, criticando o fato de a proposta ter sido votada às pressas durante o período de férias de verão.