Na entrevista, Steven Levitsky afirmou que as instituições brasileiras “responderam melhor às ameaças à democracia do que as americanas fizeram em um cenário semelhante”.
“Acho que hoje o Brasil é um sistema mais democrático do que os Estados Unidos. Esse pode não ser o caso daqui a um ano, mas hoje as instituições brasileiras estão funcionando melhor”, disse o cientista político em entrevista à BBC News Brasil.
Para ele, a resposta do Brasil às ameaças durante e depois das eleições presidenciais de 2022 foi “melhor orquestrada e mais forte” do que a dos Estados Unidos a Donald Trump após a tentativa de invasão ao Capitólio, em 2021.
Supremo Tribunal Federal
Levitsky também destacou que o STF faz um “importante trabalho” de proteção da democracia entre os anos de 2018 e 2022, mas alertou para que a Corte deve voltar “para o seu devido lugar”
“Sempre que há um órgão não eleito formulando políticas, se está em um território perigoso em uma democracia. Com relação ao processo contra Bolsonaro, pelo que posso perceber, o tribunal parece estar no seu devido lugar. Este é o trabalho do tribunal: julgar Bolsonaro e puni-lo, se ele for de fato considerado culpado.”
Tarifaço de 50%
Ao ser questionado sobre o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump e as sanções contra Moraes, o professor de Harvard pontuou que se trata de ações de intimidação e bullying que estão “minando” o processo democrático no país.
Para ele, a tentativa de interferência atual dos EUA é mais “personalizada, desinformada e arrogante” do que as ações desempenhadas pelos americanos na América Latina durante a Guerra Fria.
Na entrevista à BBC News Brasil, Levitsky também declarou que acredita que “aqueles que enfrentem Trump têm mais probabilidade de sucesso” no embate contra as “ameaças unilaterais” e políticas comerciais do presidente dos Estados Unidos.
Para o estudioso, o governo brasileiro se tornou alvo do presidente americano por “motivos pessoais” de Donald Trump e por não se curvar aos Estados Unidos.